A primeira vez em que postei este relato, era uma fanfic, mas depois de muito pensar sobre a história e o enredo, me foi entregue uma possibilidade de fazê-la ter uma ligação com o passado de Maltos, Tempestade dos anjos, e assim com o passado do Justiça. Este relato inicialmente não teria muito haver com o Justiça, mas ao final da saga deve explicar a todos o que fez Maltos buscar ser exilado e revelaria curiosidades deste passado. Espero que gostem da história embora ela venha a ter alguns aspectos que não são para criança ler. Enfim, já estou me excedendo, Hajime!
Ato 1 : A semente da felicidade
Este conto aconteceu cerca de vinte e cinco anos antes do conhecimento de Arunafeltz tornar-se tão publico como é hoje em dia. A tanto tempo atrás, a informação da existencia de Arunafeltz era confidencial, cabendo apenas as pessoas de patente o direito de circular por estes lugares... pelo menos na teoria seria assim: O número de aventureiros sempre foi muito maior do que o de oficiais da lei, e até mesmo a maneira impulsiva de seus pensamentos impregnava os atos de muitos homens cujos votos juraram a um rei, virtude ou divindade. Os aventureiros sempre tiveram um peso maior no destino do mundo, mas nunca foi comprovado se isto é uma benção ou maldição.
Esta história retrata um conto que, por ordem do templo de Freya e a igreja de Prontera, deve ser esquecido por todos e nunca mais comentado. Como uma acolita de Freya chamada Kirina soube do surgimento de um milagre, a semente de Freya, um milagre que amaldiçoou sua existencia por longos anos...
Ato 1 : A Semente da Felicidade
O Sol Castigava a região de Arunafeltz, os nomades de Freya caminhavam ja sabendo que este calor era um clima rotineiro do lugar e conduziam seus afazeres sem preocupações.
A beleza que Freya espalhou pelo mundo é algo inexplicável por palavras, diziam os nomades, de tempos em tempos eles migravam por toda Arunafeltz em busca de observar e descobrir estas profundas e sutis formas que a deusa espalhou pelo mundo. Este era o significado dos nomades de Freya e Kirina era uma das muitas iniciadas da ordem que recebia como teste final a ordem de andar com a expedição de nomades de Freya até que eles fizessem uma de suas descobertas.
Desde pequena Kirina estava cercada de bons exemplos de seguidores da deusa, seu pai era um sacerdote de alta patente, encarregado de defender a cidade de qualquer ameaça, em especial estrangeiros curiosos com corações repletos de cobiça. Foi uma surpresa do destino que tenha se casado com sua rival, uma mulher cujo trabalho era mostrar a face da compreensão e da tolerancia que Freya possuía, um trabalho que os fizeram entrar em conflito e em debates intermináveis... até o inexplicável ocorrer, fazendo com que ambos se envolvessem e casassem, Kirina era fruto deste casamento e conforme lembrava desta história de seus pais, um saco de frutas que carregava escorregou de suas mãos e caiu.
- Ei Kirina! - Advertia uma das madres - Não seja desatenta menina. Freya só revela sua beleza aos que tem atenção no que fazem. Pegue estas frutas.
- Sim Madre, me desculpe - E Kirina voltou a seus afazeres.
Sua pele morena não sofria tanto com o sol, possuía dezesseis anos e seus cabelos longos eram de um rosa bem claro quando nascera, mas diziam que o sol acabou escurecendo esta cor, tornando-o um roxo escuro. Kirina não se incomodava com esta mudança, mantinha seus cabelos soltos e bem cuidados, assim tornou-se a rosa mais cobiçada de Rachel, uma rosa roxa de olhos verdes claros e pele morena.
Muitos homens se declararam para ela, mas a resposta sempre foi um negativo e um pedido de desculpas, seu coração ja tinha um dono desde que se conheceram, seu amigo de infancia Valos, um garoto que sempre estava no momento exato para defende-lá e ajudar Kirina, exatamente como agora, enquanto ajudava a acolita a levar comida aos nomades.
- Kirina, você esqueceu destas aqui - Dizia Valos enquanto ajudava sua amiga a encontrar as frutas no chão
- Ah, obrigada Valos. Está um belo dia hoje não acha? - Respondeu Kirina um pouco sem graça com a presença de seu amigo de infancia e o saco que carregava acabou rasgando o que a fez se assustar ainda mais.
A madre observava a cena e inicialmente ela iria reclamar mais com a acolita, porém silenciou-se ao ver os dois se ajudando e rindo. Ela cuidou de cada criança deste grupo nomade, e ja esperava que um dia Kirina e Valos viessem a unificar suas vidas, a questão era apenas saber quando ambos iriam amadurecer a este ponto, e o sol daquela manhã parecia dizer que seria ao final daquele dia.
- A semente de Freya - murmurou baixinho para si mesma e Valos olhou para a madre o que a deixou surpresa, não entendeu se ele conseguiu ouvi-la ou se foi um olhar sem motivo algum. Um segundo após Valos encará-la, um nomade montade num camelo aproximou-se da serva de Freya.
- Madre Eutania, madre Eutania! - o nomade parecia bem agitado, e isto chamou a atenção de quem estava próximo do lugar, um olhar de surpresa tomou conta de todos, exatamente um segundo após o olhar de Valos.
- Voce é um dos homens que enviei para observar o lugar - Disse a Madre com um sorriso - E então, encontrou agua como pedi?
O homem tomou cuidado de desmontar do camelo antes de informar sua noticia, ele a disse num tom baixo e apenas ele e a Madre puderam ouvir.
- Madre Eutania, encontramos agua como pedido, mas não encontramos nenhum viajante, sequer um forasteiro. Os animais que encontramos pareciam estar fugindo numa direção oposta a nossa, os homens de armas sabem muito bem o presságio de um ataque.
A madre tentou não alterar suas feições, muito pelo contrário, ela dissimulou ter ouvido boas noticias e continuou a comentar em voz baixa.
- Um ataque? O que ao certo estamos lidando, um exercito, algum licantropo?
- Não soube informar Madre, mas é algo capaz de espantar animais e sumir com forasteiros, algo que para nós é invisivel no momento.
O mensageiro dizia isto com alguma calma, tentando compreender a dissimulação de Eutania. A madre olhou para Valos e Kirina, que estavam com um olhar bem curioso sobre a conversa, mas eles sorriram em resposta a madre que aparentemente os enganou ao esconder sua preocupação.
- Esta certo... - disse a madre - ...afinal de contas nosso trabalho também é conservar as belezas de Freya. Quero que faça mais uma coisa antes de se arrumar para nosso retorno a Rachel, informe a todos que encontramos a semente de Freya, diga a eles que retornaremos até Rachel e lá iremos mostrá-la a todos... se eu estiver correta, esta semente ira florescer durante nosso retorno. - Dizia a madre enquanto observava o casal.
- Imediatamente madre... mas esta semente, realmente a encontramos? - Perguntou o mensageiro um pouco humilde para não ofender a madre com a pergunta.
- Uma semente é algo dificil para um olhar preocupado perceber, por isso voce não a encontrou, mas toda semente floresce. As flores da semente vão encontrá-lo e surpreende-lo.
A madre começou a seguir seu caminho deixando o mensageiro confuso com esta afirmação e ele começou a bradar a todos que a semente de Freya foi encontrada e a dar ordens para que todos se arrumassem para retornar até Rachel. Muitos comemoraram e começaram a surgir comentários sobre o que seria esta semente, bem como teorias.
- Esta semente deve ser voce - Disse Valos brincando com Kirina e, novamente, as frutas foram espalhadas ao chão enquanto a acolita tentava se justificar nervosamente.
- Eu? Mas Freya não poderia me dar tamanha honra, seria muito para mim Valos! Ah, essa não?! Deixei elas cairem outra vez! Me desculpe Valos - Kirina começou a recolher as frutas novamente mas Valos segurou a sua mão detendo-a
- Estou certo de que seja voce Kirina, lembra quando éramos crianças e brincavamos de dar boa noite para o sol?
Kirina Lembrou-se daquela época com exatidão, eles costumavam dar as mãos e correr em direção ao por do sol, gritavam para que ele pudesse dormir, era uma lógica de criança, uma brincadeira...
-... Houve uma vez em que nos perdemos quando corriamos em direção ao sol, lembra-se disso Valos? - Dizia Kirina enquanto se recordava disto rindo junto de seu amigo.
- No final a madre teve que nos encontrar escondidos em uma grande arvore e nos trouxe de volta enquanto chorávamos, é engraçado lembrar disto hoje em dia. - Valos acabou cedendo a estas lembranças e perdera a oportunidade de dizer algo sério a Kirina naquele momento, mas decidiu aceitar que era melhor assim.
Ambos passaram o dia conversando sobre esse tempo e se arrumando para que pudessem retornar até Rachel, mas então Kirina segurou a mão de Valos e começou a puxá-lo até o horizonte onde o sol estava se pondo.
- Vamos Valos, pelos velhos tempos vamos dar boa noite ao sol!
E os dois fizeram isto, embora fosse mais bonito aos olhos de quem observasse na época de que eram crianças, mas ambos estavam contentes enquanto repetiam esta cena. Até que Valos se espantou um pouco e um segundo depois disto Kirina tropeçou, mas Valos amparou sua queda segurando-a, como que prevendo que isto ocorreria. Bem longe dos dois a Madre observava o sol abençoando-os com o final da luz do dia, Kirina estava em silencio e Valos ainda segurando-a para que a acolita não caisse.
- Kirina, com você eu quero dar bom dia a lua tambem - Dizia Valos enquanto mantinha segura Kirina e seu espanto foi imediato depois do comentário
- Mas Valos, como dar bom dia para a lua que só vem de noite? - perguntou Kirina sem sequer medir estas palavras, envolta pelo momento.
- Eu não sei, você vem comigo tentar esta noite? - O olhar de Valos capturou o de Kirina naquela pergunta, a resposta já era clara, foi dada pelo início daquela corrida em direção ao sol e pelo abraço dos dois. Ambos sabiam disto e Kirina cedeu.
- Sim - Disse Kirina sem notar e Valos a libertou daquele abraço
- Vou esperar voce de noite bem ali - disse Valos apontando sutilmente para um conjunto de pedras
- Mas Valos, as pessoas ja vão ter partido, como iremos achá-las depois?
- Não vão estar muito longe, poderemos alcançá-los - Mentiu Valos e Kirina, acreditando, se despediu dele, abraçando-o e correndo para preparar-se para a lua.